sábado, 23 de julho de 2011

Miguel Esteves Cardoso é que sabe...



"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?

As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.

Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.

Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. "

Miguel Esteves Cardoso

sexta-feira, 22 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

Porque este Sr. escreveu muito bem. E eu gostei.




Um país não é lixo

Por:Luís Campos Ferreira, Presidente da Comissão de Economia e Obras Públicas

As palavras têm um peso. Em inglês, em português, em grego ou em amárico (a língua da Etiópia), "junk" quer dizer lixo, e lixo, como toda a gente sabe, é lixo. E lixo não é nome que se chame a um país, como não é nome que se chame a uma pessoa. Imagine que o seu filho tem 1 a uma disciplina nas suas notas escolares. Deixa de ser um aluno e transforma-se em lixo? É assim que o professor o deve classificar?

Afinal, ele está em dificuldades, não aprendeu, não estudou, porventura não se esforçou o suficiente, está no fundo do fundo da tabela. Tudo isto faz dele lixo? Ou então imagine que é um pai ou uma mãe e que, por circunstâncias várias, a sua família está a viver uma situação financeira particularmente difícil, sem capacidade para honrar os seus compromissos e que precisa de ajuda. Deixa de ser o António ou a Maria e passa a ser lixo? Deixa de ser o pai ou a mãe e passa a ser lixo? Pois é isso que as agências de rating andam a dizer-nos. Isso diz-se às pessoas?

Chamar lixo a um país - seja ele qual for - está muito para além do insulto ao patriotismo de cada um. É muito mais do que isso. É um assalto à dignidade do país. O que é o mesmo que dizer à dignidade dos cidadãos, à dignidade humana. Porque um país é, antes de mais e acima de tudo, as suas pessoas. Um país não é uma empresa cuja performance possa ser analisada a régua e esquadro e, no fim, avaliada com uma terminologia de sarjeta. Um país não fecha as portas se as coisas correm mal. Empobrece mas não acaba. Cometeu erros? Tem de os corrigir. Mas não é lixo.

Não, um país não é lixo. Nem o nosso, nem a Grécia, a Irlanda ou outro qualquer. Nem os Estados Unidos, de onde são originárias as agências de rating que nos mimam com estes qualificativos nada compagináveis com o quadro de direitos fundamentais onde todos nos devemos mover. Nem os mais pobres dos pobres dos países são lixo. A Etiópia não é lixo. As crianças etíopes, que nos habituámos a ver nas reportagens televisivas abandonadas à fome e ao sofrimento, não são lixo. Mesmo quando as moscas as rodeiam como se elas o fossem. Mesmo que sejam invisíveis no rating da humanidade. Não, as pessoas não são lixo. Não, um país não é lixo. Não, não podemos tolerar o vale tudo como a regra magna para tudo. Lixo??? Isso não se diz às pessoas.

(in Correio da Manhã)

by N.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Do Humor

Gosto de homens que fazem rir uma mulher, que sabem ser inteligentes, que sabem surpreender, que são originais, que são sensíveis, mas fortes, que sabem quando estar e quando não estar , que sabem fazer alguém feliz, não no agora, mas no sempre.


By C.

Até que gostei do cabelo mais escurinho



Só foi pena se ter esquecido de vestir roupinha.

Que se passa com a classe Irinazita? Ou com a falta dela, neste caso.

By C.

Estou com uma grande dificuldade de perceber



Se o problema está em mim, ou em ti.


By C.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Do agora

Sitting... Waiting... Wishing...
By C.

sábado, 2 de julho de 2011

Da amizade



Passas os anos a apagar velas, e ao teu lado tens os aplausos daqueles que sempre estarão lá.


Parabéns N.


By C.